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9.028,05 km de distância de vocês

  • Ana Weiler
  • 1 de nov. de 2016
  • 3 min de leitura

É estranho como um estranho pode mexer com você e embaraçar tudo o que você sente. É estranho sentir saudade do que não se viveu, ao mesmo tempo que sente saudade do que se vivia. Estranho como, de repente você se percebe há 9.028,05 km de casa, após quase 2 meses longe de casa.

Há um oceano que me separa dos abraços, dos cheiros e da rotina que eu vivia. São 9.028,05 km de distância da realidade que eu construí, das pessoas que conquistei e me conquistaram, da minha família, da minha casa, das coisas que deixei pra trás por: 1) não caber na mala, ou 2) querer desapegar.

Há um oceano de lágrimas que precisam ser liberadas dentro de mim. Lágrimas de saudade. Lágrimas de surpresa. Lágrimas de superação e coragem. Lágrimas de tristeza. Lágrimas de decepção. Lágrimas de expectativa. Lágrimas de liberdade. Lágrimas de descobrimento. Lágrimas que eu nem sequer sabia que existiam, por sentimentos que nem sabia que cabiam no meu peito.

São 9.028,05 km de um futuro que me assusta e que não sei se quero percorrer novamente e ao mesmo tempo anseio por fazê-lo.

São 9.028,05 km que me separam da Ana que deixei para trás. É a distância que a Ana que está escrevendo agora terá que refazer para se reconstruir novamente no “lar, doce lar”. E é assustador. Simplesmente isso.

Novamente: É estranho como um estranho pode mexer com você e embaraçar tudo o que você sente. Mais estranho quando o estranho ninguém mais é do que você mesmo.

E é embaraçoso no meio disso tudo ainda sentir uma espécie de solidão nova. É uma solidão de "quem é você". É uma carência estranha.

Quando eu vim pra cá sabia que iria mudar, mas não podia imaginar o quanto. A verdade é que a distância exerce uma força estranha sobre você, te forçando a se descobrir para se adaptar e vice-versa. E tudo tem que ocorrer muito rapidamente, porque não só o tempo passa, como também as decisões de uma vida longe de casa batem na porta. De repente sua roupa não se lava mais sozinha, sua casa não tem braços e pernas para se arrumar, sua comida não se tele transporta para a sua geladeira e dispensa, seu despertador tem que bastar para te acordar, suas séries terão de esperar e você terá de se organizar de modo que consiga cumprir com todas as obrigações inerentes a matéria “9.028,05 longe de casa” e diferente das outras disciplinas: 1) é questão de sobrevivência não reprovar; 2) as avaliações são diárias e ilimitadas; 3) aprender com a falha é segredo para não repeti-la; 4) os professores não se limitam a pessoas, afinal a máquina de lavar roupa pode ensinar muitas coisas; 5) poupar é o segredo para ter amanhã; 6) “eu preciso disso?” é a pergunta que deve te acompanhar sempre que ir às compras; 7) na mochila sempre deve ter um casaco e um cachecol; 8) uma caminhada pode te renovar; 9) os abraços sinceros são preciosos; 10) os segundos em que ver sua família são especiais demais para serem ignorados; e por último 11) a mudança é inevitável, e a autodescoberta é sua nova melhor amiga.


Pode parecer um texto triste, mas a verdade é que não troco essa experiência por nada e sei que a saudade que sinto de casa será a mesma que sentirei do Porto, quando eu estiver novamente no meu lar.

Viver é uma aventura, então viva. Aonde estiver, independentemente da circunstância #ficaadica


Até a próxima!

Ps. prometo que será mais alegre, e mais doce.

 
 
 

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